domingo, 8 de abril de 2007

E o Estado é sempre novo!


Depois de António Oliveira Salazar ter ganho o concurso "Grande Português" no passado dia 25 de Março, o Presidente da República convocou na passada semana, o conselho de estado, no sentido de discutir as consequências políticas desta votação. O presidente Aníbal Cavaco Silva tem vindo a debater com o governo a possibilidade de o povo português não querer mais esta democracia e este regime. Pretende-se a consulta de todos os partidos com assento parlamentar para estabelecer um debate, que se quer dinamizador da sociedade portuguesa e que procurará aferir se os portugueses estão, ou não, satisfeitos com a constituição e com todas as instituições democráticas.
O governo quer lançar, ainda antes do Verão, uma proposta na Assembleia da República para um referendo nacional que questionará se os portugueses querem voltar à constituição de 1933, ou seja, ao regime do Estado Novo, com todas as suas instituições e estruturas. Cavaco afirmou que “se o povo português disser sim a este referendo, estará a pedir um retrocesso em termos de política europeia, de desenvolvimento económico, das liberdades fundamentais, das nossas relações com as ex-colónias, enfim, um claro ressurgimento do Estado Novo configurado num modelo salazarista. O presidente da República confessou ter dúvidas sobre este retrocesso, desejando ainda assim que pelo menos as relações entre a Igreja e o Estado voltassem a ser como antes”.
A CDU e o BE têm mostrado uma grande indignação perante “uma tentativa de golpe de estado conduzido por uma via ilegal e criminosa”, disse Jerónimo de Sousa. O primeiro-ministro afirmou que “temos de levar muito em conta esta votação, sobretudo porque foi feita num programa da RTP”. José Sócrates afirmou ainda que “uma sociedade evoluída e moderna tem de dar ouvidos à televisão que é a voz dos portugueses”.
Foi instituída uma comissão parlamentar para a análise desta proposta de referendo presidida pelo deputado Paulo Portas, diz Portas que “será inevitável a nossa saída tanto da União Europeia, como de todos os compromissos internacionais”. Fala-se também numa possível intervenção militar com o objectivo do restabelecimento do domínio das colónias portuguesas.
Esta crise ainda agora começa e já se tem sentido fervorosas manifestações nas ruas com reacções contra e a favor desta mudança profunda. Esta polémica tem provocado clivagens profundas no seio da classe política e na sociedade civil. Aguardem-se, então por novos desenvolvimentos.