sábado, 24 de novembro de 2007

DÚVIDAS, MÁXIMAS E REFLEXÕES DE SARJA AKHMANI, REPÓRTER IRANIANO IV

*Do Provincianismo português:

Depois de muito calcorrear a pé o vosso Reino rectângular, arquitectei uma tipologia do vosso provincianismo. A título de exemplo, irei relatar-vos algumas conversas que ouvi nas mais variadas e distintas terreolas do vosso território imperial:

a) Na vossa Província, ainda existem três grandes tipos de provincianismo:

1º Tipo: um provincianismo de ressentimento que brota de um intenso e injustificado complexo de inferioridade em relação a Lisboa. Este género de mentalidade é típico dos vossos régulos locais e da sua respectiva classe social.

Eis uma conversa que ouvi entre dois caciques locais:

--Ó Mendes, que me dizes a isto?

--Quê? Não vês que estou ocupado a enviar cheques-galinha aos nossos eleitores?

--Caga lá nesses frangos depenados que passam o tempo todo a votar na gente. Tenho uma proposta indecente a fazer-te: que tal irmos a Lisboa visitar umas meninas muito simpáticas que trabalham no Elefante Branco?

--Não vou!

--Anda daí. Vais ver que não te vai faltar nada.

--Não vou, porque os elefantes nascidos em Lisboa julgam-se superiores aos nossos.


2º Tipo: um provincianismo patrioteiro que admira tudo o que é estrangeiro mas que, ao contrário do vosso provincianismo lisboeta, não o idolatra. Esta forma de pensar é típica de uma certa classe média baixa.

Eis uma conversa que ouvi entre dois rapazolas num bar:

--Eh pá, arranjei agora uma alemã de se lhe tirar o chapéu!

--Ai sim? Conta, conta! A gaja é boa?

--Boa? Tás parvo ou fazes-te? A gaja é um avião! Não queiras tu saber…

--Que tal é a gaja nas aterragens?

--Pá, ela aterra com a mesma facilidade com que descola da pista.Aquilo é material de primeira, que é que tu julgas?

--Não gosto da Lufthansa, prefiro a TAP.


3ºTipo: um provincianismo de bairro que brota de uma profunda baixa auto-estima e desemboca muitas vezes num bairrismo parvalhão e bacoco. Esta “concepção do mundo” é característica da pequena burguesia e, curiosamente, de uma certa classe média alta.


Aqui vai uma conversa que ouvi entre dois velhotes:

--A nossa terra é a maióri!

--É sim senhôri!

--O nosso clúbi é o maióri!

--E sim senhôri!

--O pádri da nossa igreja é o mais rico de Portugáli!

--É sim senhôri!

--As nossos campos são as mais bonitos de Portugáli!

--São sim senhôri!

--A tua mulher tem um furúnculo na nádega esquerda que é o mais bonito melhóri di Portugáli!

-- É sim senhôri!


No que toca a Lisboa, deparei-me com dois tipos de provincianismo:


1ºTipo: um provincianismo de poder relativamente à Província, que encerra dois matizes básicos, a saber:

1º Subtipo: a Província ainda é muito antiquada e é um lugar perfeito para passar férias ou ter uma casa de campo que se pode e deve ostentar junto dos amigos. Este modelo de provincianismo, no qual me incluiria se fosse português, é característico de uma certa classe média que imigrou para a capital do vosso Reino há uma ou duas duas gerações.


Eis uma conversa entre dois rastas da Moita:

--Pá, e foi então que o gajo começou a mandar vir comigo….

--Que foi que ele te disse?

--Eh pá, o gajo não abriu a boca, mas tal atitude obrigou-me a manifestar o meu vivo repúdio por tudo o que o gajo parecia que ia dizer mas não disse, não te parece que fiz bem?

--Fizeste bem. E o gajo?

--O gajo acenava que sim com a cabeça, como se pretendesse mandar-me àquela parte, tás a perceber?

--Que é que uma coisa tem a ver com a outra?

-- Não tem nada a ver, mas podia ter tido a ver. Repara, o gajo era da Província e com esses gajos todo o cuidado é pouco.

--Mas que foi que ele te disse?

--Nada, o gajo não disse nada. Mas podia ter dito.

--E tu? Que foi que lhe disseste?

--Pá, foi então que me lembrei daquele episódio d`Os Lusíadas, o do Gigante Amesterdão.

--Gigante Adamastor

--Sim, o do Gigante Amesterdão. Pá, assim que comecei a declamar o episódio, o gajo, que por ser da Província era muito ignorante, foi-se logo embora…E foi assim que me livrei de uma discussão que podia ter acabado mal, muito mal.

--…Que podia ter começado mal, queres tu dizer…

--Sim, pá, que podia ter acabado mal, muito mal…


2º Subtipo: a Província mudou muito, está mais desenvolvida, mas nós é que somos a Capital e não lhes devemos ceder os nossos pergaminhos. Este tipo de tacanhez é característico de uma certa classe média-alta lisboeta que já perdeu a sua oriundez provinciana e se assume como uma espécie de “aristocracia”


2º Tipo: um provincianismo de submissão parva ao estrangeiro. Este género de provincianismo, característico das vossas “classes dirigentes”, nutre um desprezo total pelo vosso país real, e tem o condão de fazer figuras tristíssimas num mero contacto com alguém de fora.


Esta conversa entre dois lisboetas ilustra grosso modo o tipo e o subtipo anteriores:


--Padre Ambrósio, a Povíncia é muito atrasada, não é?

--Quem me chama? Quem me vê?

--Sou eu, o Alípio Figueira, o seu acólito, padre Ambrósio.

--Dize, meu filho, dize.

--A Povíncia é muito atrasada, não é?

--Dize, meu filho, dize.

--Nós somos muito aristocratas, padre Ambrósio, não é verdade?

-- Dize, meu filho, dize.

-- Padre Ambrósio, as pessoas da Província cheiram todas mal dos pés, não é verdade? E isso é o máximo, não é?

--Cheiram, meu filho, ui se cheiram! Sim, isso é o máximo!

--Padre Ambrósio, é na nossa classe social que é recrutada a elite dirigente, não é verdade?

-- Cheira, meu filho, ui se cheira mal dos pés!

-- Padre Ambrósio, é a nossa classe social quem fornece os imbecis que ocupam cargos em Lisboa que não servem para nada, não é verdade?


Eis senão quando se aproxima um estrangeiro qualquer:

--Can you speak English?

--Oh yes, yes, yes, yessssssssssssssssssssssssssss sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

--How may we help you, Sir?

--Pá, cocem-me as costas, nowwwwww!

-- Oh, yes, yesssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

--Pá, cocem-me aí quelque choseeeeeeeeeee…

--Sim oui oui ouiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ouiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

--Caramba, tu és mais que nós! Tu és estrangeeeeeiro!

--Sinhe, suou um gaijo de Nanterre nascido no Puerto, carago!


Sarja Akhmani, repórter iraniano

Só para quem gosta de fazer zapping...o autor deste post também está aqui http://nowheremanland.blogspot.com/

aqui http://obloguedosarja.blogspot.com/

e aqui http://www.oimprevisto.blogspot.com/

7 comentários:

Anónimo disse...

quando sair a versão de bolso Europa-América, eu leio

Sérgio A. Correia disse...

Não vale deixar comentários com muito mais piada do que o post.

Sarja

Pedro Rodrigues de Sousa disse...

Podes não acreditar, mas apesar destes textos serem exactamente os mesmos que colocas em http://obloguedosarja.blogspot.com/só gosto de ler estes! Não sei parece-me uma forma de provicnianismo do 2.º tipo! O que me dizes, Doutor Sarja?

Transmontano do sul e ilhas

Sérgio A. Correia disse...

"Eu só estou bem/aonde não estou/eu só quero ir/aonde não vou" cantava um músico vosso de barbas iranianas nos anos oitenta...


jocas

Sarja

Anónimo disse...

oube lá ó iranianoi de uma figa!
bai para a tua terra ó terrorrista!

bós os mourus sois uns traidores, caragu!

e nada de me chamarem bairrista ou racista seom partovo-zos o garfieriru tuuuudu!

Anónimo disse...

"ai eu gosto de ler..."
cagando mentiroso!!! Como se houvesse alguém que lesse estes posts. Vai dar graxa às tuas botas em vez de lamberes as dos outros. palhaço

Anónimo disse...

É pá tudo varreste isto a pente fino... ou seja varreste com um prnte, o que não é lá muito higiénico, mas vá lá por agora escapa!